Sonia Regina
8 de março de 2010, pelo Dia Internacional da Mulher
8 de março de 2010, pelo Dia Internacional da Mulher
As flores de março são a claridade que brota do chão quando nele fazes teu pousio. A arte não reconhece em tua face o descobrir da fonte: ele é ainda teu, profunda e somente teu. Ouves essa água fresca quando adormeces e, em contraponto, teus sonhos dizem a oração que nunca leste ou escreveste:
‘Ó minha mãe misericordiosa, protege esta carne que jaz inerte: nada a anima ou define. Excedido o sentido possível da letra que a significa, ficou a complexidade a ferver no sangue.
O mar não refrescou a intensidade da palavra nômade em ebulição.
Sei que na mata, à noite, tudo sossega - menos o rumor do rio. Que nele a secura encontre espaço e a água doce molhe a garganta, pois os lábios já estão cansados de esmiuçar o desejo das raízes.
Desvela este olhar em compasso ainda pouco curioso, que nada mapeia.
E abençoa estas mãos crentes que não cessam de embalar preces’.