No vão das palavras soletradas
O poeta vinha voltando de cada verso entre ressurreições, renascimentos, regenerações, restaurações. Com uma série de substantivos tão pouco diferenciados rompia as estrofes e dizia da liberdade ou dos vôos aprisionados em certo caos.
Mas não é na semântica que as lágrimas ditam o pulsar da corrente escarlate que percorre cada poema. Talvez seja naquilo que, da serenidade helênica, subjaz sombrio.
O que não importa tanto, enfim. Tão plena de mutações é a escritura da vida! A cada leitura pode-se retornar a si mesmo, em busca da letra primordial.
Não há um peso de sentença nos ditos que se recriam e regressar do avesso produz revirados, inicia ciclos. É na recriação desses ditos que nos deparamos, peixes voadores no vão das palavras soletradas, com o sentido da poesia.
Sonia Regina
[02.6.09]
[02.6.09]