A poesia é o cochicho interno que escapole
Sou uma poeta cujos poemas não têm habitação fixa no corpo. Se andar com a cabeça anunciando bailados verbais, eles não comparecem. Minha boca não pronuncia todas as sílabas desconexas que pulsam na garganta. São os sorrisos que resgatam as palavras ao abrigo da escuta.
Gosto de ler Clarice Lispector e de ver fotos de retratos com fundo branco. Agrada-me o encontro com o branco intenso, grosso, que toma toda a perspectiva e não cabe numa folha ou numa tela, mas num olhar. Naquele olhar captado em uma página que se desfaz na claridade.
A cor, bem, quando trabalho a cor de uma imagem eu a transformo em riscos coloridos até que a coloração seja a essência do que vejo. Como uma imagem primeira, necessária, primordial.
E o preto, ah, o preto. É interessante trabalhar o preto. Nele se vê o que reluz, as arestas por aparar, os contrastes por assumir, os ângulos por delinear.
Sobre o que me causa um espanto interno é que eu escrevo. É o meu modo de dizer do que não sei. Sem emudecer e sem chegar ao grito, o espanto não fere nem a ordem nem o caos. A poesia é o cochicho interno que então escapole, os sussurros tornados versos.
“É com o corpo inteiro que pinto meus quadros.” Clarice Lispector
“Estou escrevendo com meus olhos.” Frida Kahlo
“Estou escrevendo com meus olhos.” Frida Kahlo
Sou uma poeta cujos poemas não têm habitação fixa no corpo. Se andar com a cabeça anunciando bailados verbais, eles não comparecem. Minha boca não pronuncia todas as sílabas desconexas que pulsam na garganta. São os sorrisos que resgatam as palavras ao abrigo da escuta.
Gosto de ler Clarice Lispector e de ver fotos de retratos com fundo branco. Agrada-me o encontro com o branco intenso, grosso, que toma toda a perspectiva e não cabe numa folha ou numa tela, mas num olhar. Naquele olhar captado em uma página que se desfaz na claridade.
A cor, bem, quando trabalho a cor de uma imagem eu a transformo em riscos coloridos até que a coloração seja a essência do que vejo. Como uma imagem primeira, necessária, primordial.
E o preto, ah, o preto. É interessante trabalhar o preto. Nele se vê o que reluz, as arestas por aparar, os contrastes por assumir, os ângulos por delinear.
Sobre o que me causa um espanto interno é que eu escrevo. É o meu modo de dizer do que não sei. Sem emudecer e sem chegar ao grito, o espanto não fere nem a ordem nem o caos. A poesia é o cochicho interno que então escapole, os sussurros tornados versos.
Sonia Regina
[20.5.09]
[20.5.09]